Fernando Chagas Duarte
(n.1964) neste seu quarto livro desde a estreia em 2014, junta poemas de 206,
2017 e 2018 num total de 141 páginas dividido em dois capítulos: «Fábulas e
humanidades» (44 poemas) e «Os poetas são cruéis ao Domingo» (62 poemas) num
total de 106 poemas.
O ponto de partida é o poema
da página 61: «este porto onde aguardam lugar / uma infinidade de navios /
marinheiros, velhos cargueiros / e suas gonorreias / tpdos esperam vez /
balançam ao sabor do despudos / teias de canos, caudas / camisas enxutas e
apêndices / é entrar, carregar, descarregar / adeus até à próxima»
Pelo meio fica a ideia de
viagem: «faço um cerco / a imperfeição / sitiado que estou neste corpo / de
carne e ser tão pouco / e traço-lhe a linha recta / na palma da mão: faço a
faca / e o meu próprio destino /ser defeito – à deriva / deflicto-me / escreverei
hoje a última / ode à dignidade»
Entre o ponto de partida e a
viagem o poema revisita não só a Natureza mas também a Cultura: desde a Poesia
com Luís de Camões, Manoel de Barros, Federico Garcia Lorca, Torga, Sophia,
O´Neill, Beaudelaire, Rimbaud e Maiakowvki até à Pintura de Joan Miró, Picasso,
Van Gogh ou à Música de Haendel, Carmina Burana e Billie Holliday sem esquecer
Nietzche na Filosofia e Kurosawa no Cinema.
Paira sobre o livro um fino
humor como no poema da página 118: «8 apostas para / um prémio Nobel / criadas
pelas casas / de bom gosto / financeiro. Aposto / no homem, na mulher / aposto
no gajo chinês / no africano – há muito / que um negro não ganha / por isso são
chorudas as odds.»
(Edição:
Euedito, Capa: Fernando Chagas Duarte)
[Um livro por semana 636]