O ponto de partida do livro de
172 páginas, 57 fotos, um mapa e vários anexos é, segundo Victor Neto (n.1949)
«para quem nos quiser conhecer melhor, para reavivar a memória dos mais velhos
e para quem nos suceder na procura do conhecimento dos seus antepassados.» Os
Montes da Senhora são seis: Monte Baixo, Monte Meio, Monte Cima, Aldeia
Cimeira, Monte Trigo e Monte Barbo. Logo na página 12 o poema de José Fernando
Delgado Mendonça afirma «A minha aldeia /É feita de gente». O volume poderia
ter como segundo título «A Terra e o Homem» pois regista uma dupla inscrição –
Geografia e História. O mesmo é dizer público e privado. De um lado o lugar «No
Pico do Galego se pode observar, em dia claro, a cidade de Castelo Branco e as
serranias de Espanha a nordeste e sudeste, as serras do Muradal e da Gardunha e
da Estrela a norte, a serra de Alvelos e o Picoto Rainho a nordeste, a serra da
Melriça a oeste, a serra de São Mamede e o norte alentejano a sul.» Do outro
lado o Homem que habita o espaço. Tanto pode ser lembrado por Baptista-Bastos
(«Eu gostava de conversar com os velhos, bebia com eles o vinho da terra e
tentava apreender essa sabedoria milenar criada pelas rotinas desgraçadas do
tempo. Recordo dois deles: o tio João Garrido e o tio Canhoto.») como por
Bernardino Páscoa sobre o pai («Todos os soldados, polícias,
guardas-republicanos em gozo de licença ou férias passavam lá por casa para
assinar o passaporte») ou Manuel
Sequeira sobre o avô: «O oficial de dia era o responsável máximo pelo quartel
mas confiava no cabo de dia e decidiu pernoitar em casa da namorada. Na noite
da morte de Sidónio Pais o cabo de dia assumiu o comando do quartel e nunca
mais se livrou da alcunha dada pelos companheiros – Comandante Beirolas». Sem
esquecer a legenda da foto 57. «No já longínquo tempo das ceifas, os Homens
ajoelhavam-se pedindo à Nossa Senhora do Pópulo a sua protecção para não
encontrarem por lá doenças que naquele tempo eram letais. Muitos ficaram por
lá.»