Trata-se
de uma exposição que mistura dois tipos de memória (fotografia e texto) aberta
desde 15 de Setembro a 15 de Outubro no Espaço Ulmeiro na Avenida do Uruguai 13
A (Benfica) de Segunda a Sábado das 9h30m às 19h. A curadoria é de Ana Sofia
Franco e Andreia Friaças, os patrocínios são do Espaço Ulmeiro e da Info
Friaças Lda e o apoio institucional é do Arquivo Municipal de Lisboa – Câmara
Municipal de Lisboa.
Estamos
em 2017 e esta é uma viagem no tempo, um regresso teórico ao passado, uma busca
do nosso tempo perdido na cidade de todos nós. Estas ruas (sabemos de ciência
certa) não vão voltar a ser como nas fotografias, as calhas dos eléctricos
desapareceram, a ideia de que há sempre lugar para o estacionamento é mentira.
Trata-se (arrisco a afirmação) do esplendor da nostalgia. A foto sugere algo
como «eu passei por ali em 1966», há uma inscrição pessoal de cada um dos
espectadores da exposição numa memória colectiva.
Parece
de propósito mas horas depois de visitar a exposição «A Benfica dos Lobo Antunes»
recebo «O nome dos poemas», livro de Soledade Martinho Costa (Edições Vela
Branca) onde na página 50 se pode ler este poema para António Lobo Antunes: «A
manter vivos / Os nomes / E a Casa / Ser o eco da infância. / À flor da pele /
A ternura / Assumida e assinada. / Mas ser também / Vela de seda / Em mastro
desfraldada / Num mar de rebeldia / E de coragem. / A inverter as regras / Ao
recato / Imposto ao bom nome / Das palavras.»
Como
diziam os cauteleiros de antigamente «Há horas de sorte» e isto de receber um
belo livro com um poema dirigido a um protagonista de uma exposição de fotografias
antigas e de palavras modernas foi mesmo uma hora de sorte.
(Vinte
Linhas 1701)