Não
se sabe o dia nem o lugar do nascimento de Zeffirino Giménez Malla conhecido
como Pelé. Nasceu em 1861, filho de Josefa Malla e João Jiménez e é possível
que tenha vindo ao Mundo em Alcolea de Cinca (Huesca) ou em Benavente (Lérida)
porque os pais eram nómadas e atravessaram várias localidades da Catalunha e de
Aragão. Aprendeu a arte de cesteiro com um tio e vendia cestos e canastras
pelas aldeias. Como nunca passou pela Escola não sabia ler nem escrever nem
fazer contas. Casou em 1912 com Teresa Jiménez Jiménez e como não tiveram
filhos adoptou uma sobrinha da esposa – Pepita. A maneira como Zeffirino se tornou
«comerciante de cavalos» diz bem da sua dimensão humana: um dia numa estrada
não teve medo do vómito de sangue de Rafael Jordán e levou-o para casa. O irmão
de Rafael (Simón) ofereceu-lhe muito dinheiro sugerindo-lhe a compra de mulas
que o governo francês estava a vender . Com parentes chegados em Dax, Zeffirino
fez negócio e enriqueceu em 1919 no fim da I Guerra Mundial. Pelé foi um cigano
que deu um testemunho forte da sua vida cristã tanto aos ciganos como aos
camponeses. Rufino Bruno Vidal afirma o seguinte: «O Pelé era um homem muito
honesto no seu trabalho de comerciante de cavalos e nunca se permitia enganar
alguém, antes repreendia aqueles ciganos que procuravam enganar os camponeses
dizendo que não deviam fazê-lo e era muito amado e apreciado pelos camponeses.»
O seu martírio foi em 1936 (talvez 2 de Agosto) e a prisão terá sido porque lhe
perguntaram se trazia armas e ele mostrou o terço. Sabe-se que durante a Guerra
Civil de Espanha foram fuzilados milhares de sacerdotes, religiosos e também
leigos mas os fuzilamentos foram de ambas as partes. Numa guerra civil todos
são pecadores; não há santos. Como Pelé, cigano e santo.
(Crónicas
do Tejo 129)