A
mulher espera e está sentada na areia («É um choro irregular que se ouve/encostado
ao corpo do homem»). O cão também «Porque ambos sabem que/um náufrago vive no
coração do mar/à espera que as correntes e as rochas/o devolvam à terra». Na
página 20 a mulher adverte: «Se houvesse aqui monumentos antigos/junto ao mar,
ruínas, arcos, cemitérios, /mas não, não existe nada». Mas o que existe é o
luto, um espaço sentimental onde se cruzam morte e vida, dor e beleza. O poema
da página 56 prenuncia um mundo novo: «Foi nesse momento de fim de tarde/que as
pessoas invadiram a areia/ e se puseram em torno da fogueira,/ numa espera
silenciosa,/ anunciando uma outra forma de / comemorarem um festim, um mundo
/novo, já sem náufragos, sem gritos,/ sem demência»
São
dois poemas longos e não de livros de poesia no sentido tradicional. Textos
críticos de Manuel de Freitas, João Barrento, João Paulo Sousa, José Mário
Silva e Henrique Manuel Bento Fialho completam o volume.
(Edição:
Volta d´Mar, Apresentação: Biblioteca da Nazaré, Capa: Marta Nunes)
[Livros e Autores 18]