O título deste livro de Luís Filipe
Maçarico (n.1952) surge na página 42 no último poema deste volume de 54
páginas: «Uma casa é como / uma árvore por dentro / crescemos e somos raízes /
emaranhamos pelas paredes / e das varandas abertas / chegam, desde a infância /
o ar o vento e o sol / que são a seiva dos dias.»
O ponto de partida é a casa da Praça da
Armada: «Na implacável contabilidade / das noites onde envelheço / à janela das
velha casa / entre as brisas de Junho / e os nevoeiros de Dezembro /
permaneço.»
O ponto de chagada é Almada em «O meu novo
quarto»: «O meu novo quarto / tem o dobro do espaço / daquele onde dormi /
sessenta e três anos.»
Pelo meio surgem as diversas viagens. Seja
no Elevador do Lavra (‘Há um jardim suspenso / no cimo e cúpulas de luz /sobre
velhos prédios») seja no eléctrico 19 («Escutar sensualildades / desfrutar o
sabor / dos vocábulos / no prazer das frases /murmuradas / enquanto a cidade
cintila») seja o Cais do Sodré: «Eis o caminho a sombra / os passos o destino /
varres sonos sobre marés.»
Mas outras viagens podem ser fora do país
como Tozeur («Tomoko é o melro / de Yokohama / no café da manhã») como Jerba
(«O meu amigo diz-me / que o verdadeiro muçulmano / procura a paz/ encontrando
no Corão / um bálsamo / para os males do Mundo» ou dentro do país m Alpedrinha:
«Entro na manhã / que espalha jorros de luz / sobre a terra verde das / árvores
nuas.»
O conjunto ide 54 páginas inclui quatro
páginas de «Impressões» assinadas por Maria Alberta Menéres, José Gomes
Ferreira, Mário Castrim, Albano Martins, Eugénio de Andrade, Álvaro Cunhal,
Carlos Fernandes, Fernando Paulouro Neves, Mohamed Loffi Chaibi, Paula Cristina
Lucas, José do Carmo Francisco, Salem Omrani, Isabel Mendes Ferreira, Manuel
Frexes, Ana Machado, Miguel Rego, Margarida Almeida Bastos, Maria Antonieta
Garcia e Suso Sudón.
(Prefácio: Eduardo Olímpio, Fotografia: Maria Clara Amaro, Capa: Marta Barata)
[Um livro por semana 601]