Cristino
Cortes (n.1953) junta no livro poemas diversos (83 ao todo) e organizados por
capítulos (ou círculos) com 2 de 17, 2 de 13, 2 de 9 e 1 de 5 poemas. Sem
esquecer o poema (ou fragmento) de abertura na página 11 que no total soma 84 e
é o ponto de partida: «Daquele que consciente vê e vive na cidade / E nela
deseja intervir, para melhor / A configurando, aqui canto.»
«O
que fica» é o título do poema da página 151: «Fica a poesia, claro, benefício
da abertura temporal /De a ela, e com gosto, poder-me entregar. Só aqui /
Poderei abalançar-me a um volume de 900 páginas. Li / Assim Homero e Camões,
Nemésia, Sophia, agora por sinal.»
No
poema «Autoconsolação à sombra de Ricardo Reis» o poeta adverte: «Quantas
crianças não morrem enquanto tal e é bem sabido /Levarem cedo os deuses aqueles
que escolhem e muito amam. / Não serias o primeiro a preferir morrer de bibe e
de calção/ Ou então no fulgor da juventude, dominando o mundo todo. / Mas já
que te coube usar fato e gravata vê se estás à altura.» Mais à frente no mesmo
poema proclama: «Em tudo, em síntese, mantém humor, tranquilidade, um sábio bom
senso. /A alegria vem dessa naturalidade, tão íntima paz. De todo o lugar /Faz
a tua cidade. Vive o que tiveres de viver e que jamais / A poesia te falte.
Como não faltará decerto bem o sei /Assim estejas atento, grato e disponível no
dia a dia, / Ao espelho te maravilhando a flor que só por ti abria.»
(Editora:
Calçada das Letras, Prefácio: Luís Serrano, Posfácio: José Fernando Tavares,
Capa: Dorindo Carvalho, Grafismo. Estúdio Bonecos Rebeldes)
[Um
livro por semana 634]
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