sábado, 20 de março de 2021

«Que cousa é chanfana?» de Fernando-António Almeida

Com o segundo título de «perguntou o Príncipe do Brasil …e os Poetas responderam com sonetos»,  o autor Fernando-António Almeida (n.1939) surge nas 179 páginas deste livro como cicerone qualificado para uma viagem no tempo e no espaço não só do «torneio poético» motivado pela pergunta do príncipe D. José mas também aos vários locais de Lisboa do século XVIII como a ermida de Santo Amaro, o Malcozinhado, o Campo de Santana, as tascas e tabernas como o Isidro e outras «casas de pasto». O príncipe D. José (1761-1788) era neto de D. José I e é uma figura curiosa da História de Portugal. Educado para reinar em teoria com o Marquês de Pombal na sua sombra, acabou por morrer novo sem nunca ter subido ao trono. Era casado com uma tia (irmã da mãe) que era catorze mas velha do que ele mas não é de estranhar pois a sua mãe (D. Maria I) era casada com um tio (irmão do pai).

Como convite à leitura fica um excerto do livro: «Ora, justamente, essa literatura de raiz popular, de tradição medieval, marginal, vai irromper na época que nos ocupa. Esta época em que o príncipe D. José formula, mais ou menos inocentemente, a pergunta «Que cousa é chanfana?». Nesta época em que poetas, arvorados de nove sonetos, lhe procuram dar poética resposta. Conservando a forma clássica e disciplinada, vão já, todavia, verter vinho novo em odres velhos. Uma época da temática transgressora ao nível do assunto tratado e da linguagem utilizada. Uma época de libertinagem. Assim  a temática de cariz sexual surge sem ambiguidade e mesmo com carácter brutal: pensemos num Bocage, pensemos num Lobo de Carvalho.»´´

(Editora: Memoria 2019, Impressão e Acabamento: Tipografia Lousanense)

[Um livro por semana 663] 


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