António Ferra estreou-se na
área da Poesia em 2006 - «Com cidade no
corpo». Depois do anterior «Ente» em
2020 («um gajo tem de se preparar para a vida eterna»), António Ferra surge com
«Asas de papel» em 2021 procurando que o poema seja o lugar da síntese, do
resumo, da brevidade, do desafio ao leitor.
O primeiro poema pode ser lido
como diálogo com a fotografia do desenho colocada ao alto da página: «o destino
dos pássaros migrantes /nas asas de papel de revistas semanais». No poema
seguinte reflecte-se de novo a noção de viagem: «tantos danos na viagem pelo
corpo/e as aves insistem na rugosidade das pedras». Depois das aves surgem as
laranjas («as laranjas amadurecem fora da época/sobre um tanque gelado na
montanha») e as árvores: «as árvores não deixam sombra na sombra que deixamos»
Na paisagem e no povoamento
deste livro breve cabe também uma reflexão sobre o acto de comunicar: «às vezes
não dizemos nada/achamos que as palavras nos dividem»
Na dupla inscrição
(poema/desenho) o autor mantém a sua paralela actividade de artista plástico,
ilustrando algumas das suas obras – como é o caso deste «Asas de papel».
(Impressão: Gráfica 99,
Desenhos: António Ferra, Paginação: Sérgio Ninguém)
[Livros e Autores 25]
Sem comentários:
Enviar um comentário