Aqui
estou depois de seis dias de «estadia» no Hospital da Luz onde fiz vários
exames e fui operado a uma neoplasia do cólon. Tudo começou no Museu da Água
onde caí por ter batido com o joelho num pilarete. Levado para o Hospital de
São José pelo INEM, tive um tratamento cinco estrelas tanto na viatura como no
«Banco» com várias análises e exames. A razão do meu problema era a anemia;
faltava saber como e quando eu perdia sangue. A cirurgia aconteceu em 16 e o
regresso a casa foi em 21. Os meus quatro netos tiveram uma reacção curiosa: os
três mais velhos enviaram cartões com incentivos, o mais pequeno ficou atónito
perante a panóplia de cateteres no pescoço do avô. Os desenhos dos mais velhos
são uma ternura e a colagem do terceiro é uma delícia. Não tenho palavras
disponíveis para dizer obrigado a todos (família, amigos e conhecidos) todos
irmanados na ideia de fazer e desejar o melhor. Até o meu filho tirou dois dias de férias. O
cirurgião tem mãos mágicas e nunca lhe poderei agradecer o que fez por mim.
Pode ter sido baptizado pelo pároco da sua terra, primo da minha avó e com quem
trabalhei na sua «missa nova». O pianista cujas mãos mágicas recordo em Cascais
e Lisboa e nos discos de Colónia e Tóquio, esteve na origem dum poema do meu
primeiro livro de 1981. Foi premiado pela Associação Portuguesa de Escritores
sendo o júri composto por Armando Silva Carvalho, Fernando J.B. Martinho e
Pedro Támen. Sem ele talvez nunca tivesse escrito «Os guarda-redes morrem ao
Domingo» que deu origem a um livro com o mesmo título. Pensei muito nele
naqueles dias de Hospital. Tal como pensei no pianista e no cirurgião. Afinal a
magia da mão é a mesma e até os meus netos com os seus desenhos e desejos fazem
magia porque juntam de novo tudo o que a morte esteve prestes a separar.
(Crónicas
do Tejo 104)
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