sábado, 21 de setembro de 2019

Uma memória para José Pereira e Pepe - «Os Belenenses» cem anos depois


A propósito dos cem anos do Clube «Os Belenenses» que ocorre em 23-9-2019 não posso deixar de manifestar o meu desagrado pelo facto de o jornal «Diário de Notícias» de hoje 21-9-2019 ter dedicado um Suplemento Especial ao facto histórico mas ter esquecido dois daqueles que eu considero elementos chave da memória do Clube azul da cruz de Cristo. Sobre José Pereira nada ou quase nada sei. Ainda ontem falei com uma pessoa do Jornal «Badaladas» de Torres Vedras onde ele terá nascido em 15-9-1931 mas nada de concreto fiquei a saber. Sei que jogou no Mundial 1966 ao lado dos Magriços mas depois foi para Barcelona onde viveu e terá regressado ao Caramão da Ajuda. Sobre Pepe (1908-1931) apenas uma frase tirada de um poema dito por Barroso Lopes na Revista «O Mexilhão no Teatro Variedades: «Era a alma do povo em corpo de rapaz!» 

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

«Noticia historica e topographica da villa de Alcanede» de Simão Froes de Lemos



José Raimundo Noras (m.1980) transcreve, apresenta e anota este texto clássico de Simão Froes de Lemos (1675-1759) escrito em 1726. O ponto de partida do historiador é «transcrever e fixar o texto de Simão Froes de Lemos, dando informações essenciais para uma boa compreensão desse trabalho (…) mantemos a grafia do texto original por considerarmos, para além da norma adoptada, que a mesma não prejudica a boa leitura da crónica.» O texto de Simão Froes de Lemos já tinha sido várias vezes referido por Mário Rui Silvestre, autor pioneiro na divulgação dos três manuscritos (Évora, Lisboa, Santarém) a mais recente das quais terá sido em 2014 no livro «Poemas do Centenário». Embora se registe que o texto de 1726 segue o modelo da descrição corográfica do Padre Luís Cardoso não será errado considerá-lo também um percursor das «Memórias paroquiais de 1758».
Segundo o responsável por esta edição «A Noticia Historica foi dividida em duas partes: a primeira focada em Alcanede e a segunda em Pernes. O documento oferece informações importantes para vários campos de estudo: história local, etnologia, estudos das religiões, arquitetura, geografia humana, toponímia, história das mentalidades bem como estudos de género.» Um dado muito curioso neste texto é o primeiro registo escrito das grutas de Mira de Aire na página 209: «Na serra de Ayre ou serra de Minde como alguns lhe chamam, no termo de Porto de Mós está o lugar de Minde e ao Noroeste delle está hum campo que tem de comprimento meya  legoa e de largo hum quarto de legoa pouco mais ou menos no fim deste campo para a parte do Noroeste está huma gruta que terá de comprido tanto como a Igreja da Misericórdia de Lisboa ao rocio da mesma cidade, pela qual entra um homem e anda por ella sempre em pé e à vontade e por baixo e por sima paresse tudo hua só pedra porque são abodadas da mesma penha; depois de andar a metade do caminho, se acha hua subida pequena que se a fizessem escada poderia ter dez o doze degraus; passada esta subida se desce por área tanto como se tem subido e depois ainda se continau a descer mas he por pedras; e assim se vai andando e descendo ate que se chega a hum portal feito pela natureza em forma que parecese feito por maos de officiaes.»

(Edição: Centro do Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, Apoios: Município de Santarém, Juntas de Freguesia de Abrã, Alcanede, Amiais de Baixo, Arneiro das Milhariças, Malhou, Louriceira, Espinheiro, Minde, Pernes e São Sebastião – Rio Maior)

[Um livro por semana 627]

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Crónica sobre uma aguarela de Joan Sutherland



Primula Integrifolia é o seu nome e consta no original da aguarela por si assinada. Sei que os botânicos, os pintores e os arquitectos paisagistas sabem sempre os nomes latinos das flores. Faz parte do seu trabalho porque cada ofício e profissão tem as suas palavras exactas, precisas e perfeitas. Minha filha Marta que vive e trabalha em Sydney (Austrália) soube dizer de imediato que esta flor em concreto é oriunda da zona dos Pirenéus Atlânticos. No seu caso tenho a ideia de ter visto um exemplar da flor no seu jardim nos arredores de York em Inglaterra mas o que me interessa é o rigor do traço, as linhas perfeitas, o recorte exacto das cores, o equilíbrio de todos os componentes na sua aguarela. Não por acaso seu filho Ian desenha tão bem e ganhou prémios como arquitecto na cidade de Londres. Seus netos Thomas e Lucas, apesar de serem jovens, já vão no bom caminho como seus discípulos. O meu orgulho de avô em comum é ver os nossos netos a desenharem tão bem apesar da sua idade, treze e oito anos. Pela minha parte acresce o pormenor de ainda ontem (10 de Agosto de 2019) o comissário de bordo no avião que liga Lisboa a Londres ficou encantado com o emblema do Sporting Clube de Portugal a verde na camisola branca do nosso neto Lucas. Tal como há alguns anos atrás em pleno parque de Greenwich junto ao Tamisa (o Tejo de Londres) algumas pessoas gostaram da camisola verde o Thomas, o nosso neto mais velho com estas palavras muito próprias para um lugar como Greenwish Park – «Sporting since 1906». Por simples curiosidade vejo que esta planta tem efeitos positivos em seis campos: anti-inflamatório, defesa do sistema imunológico, na pele, nas cólicas, nas funções hepáticas e no controle emocional.  Nada acontece por acaso, é o que fico a pensar, caríssima comadre.  
      
[Crónicas do Tejo 196]