Minoru
Nagashima (n.1945) é um artista plástico japonês que vive em Portugal desde que
veio para a EXPO98 e ficou apaixonado pela cidade em geral e pela zona do
Príncipe Real em particular. As obras são 15 em exposição até ao dia 30 de
Novembro de terça a sábado das 15 às 21 horas na Rua Nova da Piedade 66 - entre
a Rua de São Bento e a Praça da Flores.
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sábado, 16 de novembro de 2019
terça-feira, 3 de setembro de 2019
Crónica sobre uma aguarela de Joan Sutherland
Primula
Integrifolia é o seu nome e consta no original da aguarela por si assinada. Sei
que os botânicos, os pintores e os arquitectos paisagistas sabem sempre os
nomes latinos das flores. Faz parte do seu trabalho porque cada ofício e
profissão tem as suas palavras exactas, precisas e perfeitas. Minha filha Marta
que vive e trabalha em Sydney (Austrália) soube dizer de imediato que esta flor
em concreto é oriunda da zona dos Pirenéus Atlânticos. No seu caso tenho a
ideia de ter visto um exemplar da flor no seu jardim nos arredores de York em
Inglaterra mas o que me interessa é o rigor do traço, as linhas perfeitas, o
recorte exacto das cores, o equilíbrio de todos os componentes na sua aguarela.
Não por acaso seu filho Ian desenha tão bem e ganhou prémios como arquitecto na
cidade de Londres. Seus netos Thomas e Lucas, apesar de serem jovens, já vão no
bom caminho como seus discípulos. O meu orgulho de avô em comum é ver os nossos
netos a desenharem tão bem apesar da sua idade, treze e oito anos. Pela minha
parte acresce o pormenor de ainda ontem (10 de Agosto de 2019) o comissário de
bordo no avião que liga Lisboa a Londres ficou encantado com o emblema do
Sporting Clube de Portugal a verde na camisola branca do nosso neto Lucas. Tal
como há alguns anos atrás em pleno parque de Greenwich junto ao Tamisa (o Tejo
de Londres) algumas pessoas gostaram da camisola verde o Thomas, o nosso neto
mais velho com estas palavras muito próprias para um lugar como Greenwish Park
– «Sporting since 1906». Por simples curiosidade vejo que esta planta tem
efeitos positivos em seis campos: anti-inflamatório, defesa do sistema
imunológico, na pele, nas cólicas, nas funções hepáticas e no controle
emocional. Nada acontece por acaso, é o
que fico a pensar, caríssima comadre.
[Crónicas
do Tejo 196]
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
António Carmo – Histórias do Tejo num olhar da Madragoa
António
Carmo (n.1949) é um pintor que todas as manhãs celebra a festa do encontro numa
mesa da pastelaria-café «A Brasileira» no Chiado. Por brincadeira chamo a essa
mesa «a mesa dos resistentes» porque nela de facto resistem hoje alguns
artistas plásticos portugueses que considero os últimos da geração de Carlos
Botelho, Almada Negreiros, Jorge Barradas ou Nikias Skapinakis. Um dos meus
livros («Leme de Luz») tem capa de António Carmo e alguns textos meus
publicados no jornal «O Ponto» tiveram a sorte e a honra de serem por ele
ilustrados. Não somos amigos íntimos mas a admiração e o respeito pelo trabalho
de cada um é a regra. Tudo isto tem a ver com o quadro «Histórias do Tejo»
porque o meu olhar sobre o Mar da Palha se cruza com o do pintor António Carmo.
Em 1957 fui viver para o Montijo e atravessava os estuário do Tejo nos velhos
vapores (uma hora de viagem) para apanhar o comboio (automotora) do Rossio para
Caldas da Rainha às 17h e 20m. Uma vez durante as cheias do Rio Tejo os
empregados do vapor levavam os passageiros ao colo na Estação Sul e Sueste. Em
1966 fui viver para o Bairro de Santa Catarina e trabalhava na Rua do Ouro, estava
sempre perto do Tejo. António Carmo tem o olhar da Madragoa sobre o Rio Tejo,
todos os dias diferente, todos os dias igual. Pela minha parte até 1996 andei
sempre por ali perto: Rua do Ouro, Fontes Pereira de Melo, Rua Castilho, Rua do
Instituto Industrial. Sempre perto do Tejo. Quando havia duas horas para
almoço, o passeio dos empregados do BPA na Rua do Ouro era até ao Cais das Colunas.
Dizia-se «virar o carro», expressão irónica em 1966 para quem, como eu, só teve
acesso a automóvel próprio em 1983. Este quadro de António Carmo lembra dois
aspectos da travessia do Tejo: a grande aventura das Descobertas e o trabalho
quotidiano das fragatas.
(Crónicas do Tejo 102)
domingo, 14 de janeiro de 2018
Jaime Murteira e Alexandre O´Neill – Ribatejo entre água e fogo
Jaime Murteira (1910-1986), pintor hoje
recordado, foi discípulo dos artistas Frederico Ayres e António Saúde. Recebeu
uma primeira medalha na SNBA, um prémio Silva Porto no SNI e um segundo prémio
no Salão da Beira Alta. Tem obra representada nos seguintes Museus: Arte
Contemporânea, Soares dos Reis, Ultramar, José Malhoa, Faro, Lagos, Vila Franca
de Xira, Guimarães e Figueira da Foz. O quadro aqui reproduzido tem por título
«Manhã no Ribatejo». Ora a dita «manhã» pode ter água e fogo como no poema de
Alexandre O´Neill (1924-1986) no livro «As horas já de números vestidas» de
1981. O título do poema é «Fogo posto»: «Estou no centro do país, rodeado de
incêndios. / Os pinheirais em fogo esbraseiam o ar. / Reguei o telhado e o
quintal porque as velhas são muitas / A vizinha cega, sem qualquer progresso,
vai tocando o seu órgão Tornado 4./ A irmã apanha velhas, mostra-mas na mão, /
apagadas ou parecendo ou quase / e fala do carteiro – motorizada aqui, saco
acolá, sapato mais além – que, presuntivo pirómano, a si mesmo se teria apagado
nas águas do Tejo.» (fim de citação) O poeta comentou mais tarde numa entrevista
a Clara Ferreira Alves (Jornal Expresso) deste modo: «Há um poema sobre
fogos-postos de que gosto muito, considero-o um dos mais bem acabados que
escrevi até hoje. E emociono-me ao relê-lo. Emociono-me por estar bem feito. Nota final – por uma questão de espaço não é
possível citar o poema no seu todo.
(Crónicas do Tejo 97 - Fotografia de autor desconhecido)
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Gralhas, P.M.E.s e carta a Jorge Silva Melo
Li no Facebook que um livro te dá como
«fundador» do Teatro de Campolide omitindo a fundação do Teatro da Cornucópia,
entre outras coisas relevantes. É um nojo mas tenho para a troca. Outro dia
pediram-me uma crónica sobre o escritor Luiz Pacheco e eu aceitei porque fui
amigo dele e era o assinante nº 186 do seu ficheiro pessoal. Escrevi a crónica
e no momento de a enviar adicionei uma foto do escritor em Palmela. Pois no
jornal colocaram o rosto do Luiz Pacheco ao lado do meu nome. O paginador não
sabia quem sou eu e, mais grave, não sabia quem é o Luiz Pacheco, um escritor
já canónico da Literatura. Eu, obscuro e discreto PME (pequeno e médio
escritor) quando me querem apertar os calos mando-os logo consultar o
«Dicionário de Literatura Jacinto do Prado Coelho». Como diz o Povo: Toma lá
pelos queixos que é para aprenderes. O teu livro «Século Passado» tem uma
gralha no nome do Joel Serrão (aparece Ferrão) e o mesmo Joel Serrão no Jornal
de Letras de 29-4-2015 é omitido como organizador e editor das «Cartas de
Fernando Pessoa a Armando Cortes-Rodrigues»
tarefas que são atribuídas a António Rebordão Navarro. Também há gralhas
orais. A minha filha mais velha (Arquitecta) estudou numa Universidade onde
havia um senhor de fato-macaco sempre disponível para arranjar fechaduras
escangalhadas, vidros partidos ou outro qualquer problema. Um dia, na bicha
para o café, o senhor pediu em voz alta «duas italianas» para ele e para o
engenheiro de Manutenção; sem saber de nada duas italianas estudantes em carne
e osso ficaram todas abespinhadas com o homem do fato-macaco. A propósito de
italianas há uma escritora desse país que insiste em escrever angélica quando a
bebida dos Açores é angélica. Outra apresenta-se como estudiosa de Sebastião da
Gama mas escreve que ele morreu com 28 anos (foram 27) e falha no nome do
director da Gazeta do Sul – Chama Augusto Barbosa a Alves Gago, Fiquemos por
aqui.
(Vinte Linhas 1702 - fotografia de autor desconhecido)
sábado, 16 de setembro de 2017
Dissertação para um quadro de Maria de Lourdes Mello e Castro
Num
primeiro olhar vejo neste belíssimo quadro de 1957 o sorriso de Lena, a menina
de 1976 quando subia ao monte de pedras do Jardim da Estrela para ver o Rio
Tejo. Lena, ela-mesma, a Leninha, a mais nova num gruo de cinco irmãos (Kiki,
Guida, Tó, Rui, Lena) a Lena que estava na Quinta do Conde num tempo de sonhos
quando parecia a todos nós que o tempo não voava, como voa, afinal. Escreveu um
dia Ruy Belo que «o medo da morte é a fonte da arte» e talvez seja essa a razão
para o quadro de Maria de Lourdes Mello e Castro e para a minha obscura e
discreta crónica. Hoje estamos em 2017, sessenta anos depois do quadro, falo
com Lena uma vez por ano e sei que as suas filhas já estudam na Universidade.
Eu próprio sou um portador de passe da terceira idade que me dá descontos
porque pago hoje metade do que pagava em Fevereiro passado. A viagem da obra de
arte é outra, não precisa de autocarros ou Metros nem de comboios para
atravessar a paisagem e o povoamento da nossa vida cinzenta.
A
obra de arte torna-se mais portátil, mais leve, mais particular. Graças à
multiplicidade das cópias de um quadro de 1957 podemos hoje recordar num óleo com
sessenta anos uma menina que nasceu em 1976 e nunca mais saiu da memória deste
seu amigo nascido em 1951. Num quadro, tal como num poema, cada leitor
apropria-se daquilo que julga poder guardar junto ao lado mais sentimental do
corpo humano – o lado do coração. Num certo sentido não podia ser a Lena que em
1957 ainda não tinha nascido mas no quadro é de facto, na verdade, a Lena. Essa
Lena de 1976. O esplendor do sorriso, a luz do olhar, a serena contemplação do
Mundo. Ou dito de outra maneira e como queria André Breton: «É no amor humano
que reside todo o poder de regeneração do Mundo».
(Crónicas do Tejo 77)
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