Em
25 de Maio de 1967 eu tinha 16 anos e ainda se ia para o Estádio Nacional de
eléctrico com atrelado. Foi lá que vi na final da Taça dos Campeões, o jogo entre
o Celtic e o Inter com o capitão Billy McNeill receber a Taça dos Campeões
Europeus das mãos de Américo Tomás, o ao tempo presidente da República. Tudo
começou com um balde de água fria: o golo de Alessandro Mazolla de grande
penalidade logo aos 7 minutos. Golo do Inter, 1-0 para os italianos. Na segunda
parte Tommy Gemmel empata e Steve Chalmers assina o golo da vitória que poderia
ter sido mais dilatada se não fosse a excelente exibição do guarda-redes
italiano – Sarti de seu nome. Ficou na minha memória o endiabrado jogador Jimmy
Johnstone que espatifou por completo a defesa do Inter. Não esqueço esse
jogador endiabrado também porque mereceu da Fábrica Fabergé um ovo desenhado em
sua honra, depois de Czares e Czarinas da Velha Rússia terem tido essa honra
tão especial. Mas também não esqueço um homem de quilt que passou o tempo todo
a cantar e a dançar, numa espécie de êxtase de paixão; o homem cantava antes,
durante e depois do jogo, o mesmo é dizer com 0-0, com 0-1, com 1-1 e com 2-1.
O escocês cantou e dançou sempre com o seu quilt e a sua bandeira. Hoje dia
27-10-2017 fui com um casal de amigos escoceses e seus dois filhos ao Estádio
Nacional onde tirámos fotografias e festejámos a vitória do Celtic. Eu tinha 16
anos e hoje tenho 66, o tempo passa a voar. O Steven era um bebé e só sabe do
que ouviu contar. Diz a lenda que ainda há adeptos do Celtic em Lisboa a
festejar porque nunca voltaram a Glasgow e a Edimburgh. São os leões de Lisboa.
O passado nunca acaba e nem sequer ainda é passado, tudo está presente, tudo se
vê de novo e é isso que faz do futebol um mundo ainda fascinante.
(Crónicas
do Tejo 99 – Fotografia de autor desconhecido)
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