terça-feira, 18 de abril de 2017

Saudação breve a um novo editor de Santos Fernando


É verdade - «Os grilos não cantam ao Domingo», Santos Fernando tem razão. Chama-se Vítor Rodrigues o homem que colocou toda esta máquina em movimento. Começou por ler um livro de Santos Fernando (1927-1975) e depois procurou saber mais mas para não se ficar no platónico editou mesmo o mais recente livro de Santos Fernando «Sexo 20», antes publicado pela Editorial Futura. Esta edição actual foi apresentada pelo encenador Jorge da Silva Melo e é da responsabilidade da «Sulfúria Edições» que Vítor Rodrigues compartilha com Margarida Mendes. Santos Fernando a personagem, ele mesmo, foi amigo de Luiz Pacheco e de Ferro Rodrigues (pai do Féfé), foi o homem do escritório dos Adubos Potássicos, Avenida da Liberdade nº 3 ali por cima do Café Paladium onde muita gente ganhou a vida a dar explicações e a jogar bilhar. A janela do escritório de Santos Fernando dava para o Elevador da Glória. É esse elevador que deve transportar de novo não Santos Fernando em pessoa mas a sua obra que eu comecei a admirar em 1963 quando vivia em Vila Franca de Xira e comprava todos os Domingos à noite o «Diário Popular» com a sua habitual crónica «Os grilos não cantam ao Domingo». Espero escrever sobre o livro «Sexo 20» noutra circunstância mas uma ocasião destas não se pode perder. Num país de analfabetos que conhece Bulhão Pato pelas amêijoas e Bocage pelas anedotas é salutar esta loucura de editar um livro novo de Santos Fernando 42 anos depois de 1975. Ele nasceu em 1927 em pleno Estado Novo (ou Ditadura Militar) e morre de modo inesperado em 1975 em pleno PREC. Com o elevador da Glória talvez seja possível que o nome de Santos Fernando entre mesmo no livro «Quem é quem na Literatura Portuguesa» O ano de 1927 fica mais pobre com a sua ausência.

(Vinte Linhas 1685)


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