A
fotografia reproduz a panorâmica da cidade de Lisboa que está num livro na Real
Biblioteca de Madrid sendo os autores Georg Braun (1541-1622) e Frans Hogenberg
(1535-1596) e cuja legenda na Revista National Geographic Magazine na sua
recente edição especial com o título de «A conquista da América», começa deste
modo e transcrevo com a devida vénia: «Localizado no estuário do Tejo, o porto
de Lisboa foi o ponto de partida da maioria das expedições das Descobertas e de
chegada do ouro do Brasil, alicerce da prosperidade do século XVI» Quero dizer
na minha o seguinte: o Tejo é sempre o mesmo ainda que pareça novo todos os
dias. O estuário do Tejo conhecido em termos populares por Mar da Palha ali
está hoje (2017) quando escrevo esta crónica tal como estava no século XVI.
Lisboa, sim, está diferente, o terramoto de 1755 deitou abaixo muitas casas.
Não esquecer que o palácio da família do Marquês de Pombal era na Rua Formosa
que é hoje a Rua de O Século. O arquitecto convidado pelo Marquês de Pombal
morava por ali perto na Rua da Rosa e daí não é de admirar que a Baixa
Pombalina seja parecida com o traçado do Bairro Alto e não tenha becos mas
apenas praças, ruas e travessas. O Bairro Alto (onde esse senhor vivia) também
não tem e fico todo arrepiado quando leio algo como «os becos do Bairro Alto». Adiante
que se faz tarde. Voltando ao princípio e para terminar, perante esta belíssima
imagem do Tejo e da Cidade de Lisboa só me posso lembrar de um verso de
Fernando Assis Pacheco. Claro que não sei se o Fernando Assis Pacheco, ele
mesmo, conhecia esta gravura mas o seu verso não se sai do pensamento. Algo
como isto: «Se eu fosse Deus parava o Sol sobre Lisboa.»
(Crónicas
do Tejo 105)
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