quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Pedrógão Grande e Tancos - os plurais são sempre um abuso


É conhecida a história de três alfaiates ingleses que assinaram uma petição à sua rainha lá pelos idos de 1500. O texto começava com um abusivo «nós, o povo inglês» o mesmo é dizer «we, english people» mas o abuso está no plural. Tudo isto tem a ver com o fogo de Pedrógão Grande e as munições de Tancos. Não ´é preciso ter muitos contactos para receber mensagens SMS ou EMAIL utilizando um abusivo plural para dar conta da revolta individual e copiada perante os factos. Sintomático é que algumas das mais incendiárias notícias sobre o fogo de Pedrógão Grande foram assinadas por um pseudónimo de um jornalista espanhol. Quando procuraram saber quem era o «artista» a chefe de redacção referiu com todo o desplante que é normal em Espanha as notícias serem assinadas com pseudónimo. Enfim trata-se de uma pacalaia como se diz na minha terra. Quanto ao dito assalto às munições de Tancos foi por acaso num jornal espanhol que apareceu uma lista supostamente completa ou inventada do material bélico roubado. Claro que isto é um esquema tal como é esquema o artigo a comparar o fogo no Sul de Espanha com o fogo do Centro de Portugal. Os demagogos falam no plural e comparam o que não tem comparação. É como comparar os fogos daqui com os da Califórnia nos EUA. Este tratamento sobranceiro dos espanhóis e o sublinhar canino deste lado da fronteira faz-me lembrar a história da letra que todos os meses era enviada para cobrança num banco de Madrid. Essa letra era avalizada por um Banco, o mesmo é dizer dinheiro em caixa. Quando no BPA começámos a perceber que o crédito em conta só surgia no dia seguinte demos início a uma tentativa de sermos ressarcidos dos juros mas ao fim de muito tempo com cartas, telegramas e telexes veio uma resposta taxativa e plural: «Es una prática de nosostros».

(Vinte Linhas 1694)

Sem comentários:

Enviar um comentário