Quando
refiro (e nunca é de mais) os meus mestres do Jornalismo no «Diário Popular»
(Jacinto Baptista) e em A BOLA (Carlos Pinhão) não posso esquecer o que aprendi
com Quirino Teixeira na redacção da Revista do Jornal TEMPO. Foi ele que me
ensinou o pouco que sei sobre paginação de jornais e revistas, coisa essa que
tão útil me foi mais tarde em todos os jornais onde trabalhei primeiro como
colaborador e depois como redactor efectivo. Há muitas histórias engraçadas. Um
dia, por alturas de uma passagem de ano, sugeri que na próxima semana só se
referissem livros infantis sob o título de «Na semana mais pequena, livros para
os mais pequenos». Quirino achou piada e disse-me para nunca me acanhar com
sugestões. Um fim de tarde, passámos largo tempo a escolher uma capa para a
Revista a cores (era uma igreja numa ilha açoriana) e, dois dias depois, quando
o jornal saiu para as bancas, a capa era outra. Alguém se tinha chegado à
frente com duzentos e cinquenta mil escudos e por isso a capa era uma família
feliz – pelo menos na fotografia. Outra vez foi a nota de leitura que assinei
sobre um livro do José Agostinho Baptista; ao chegar ao Funchal o poeta recebeu
um envelope da sua irmã com vários textos de jornais da Madeira sobre livros
recentes deste autor. Alguém, num jornal local, tinha achado que o melhor e
mais fácil era copiar na íntegra o que eu tinha escrito no TEMPO. Chamo-lhe
jornalismo romântico porque não havia interesses materiais em jogo, as coisas
eram feitas pelo prazer de, todas semanas, sair para a rua uma revista onde
estava o melhor de nós. Era essa a contrapartida, a moeda de troca. Poderia
lembrar que Quirino Teixeira entrevistou Fernando Namora, Salvador Dali, Juan
Miró, Antoni Tapiés, Ana Maria Matute, Camilo José Cela ou António Vallejo mas
isso já é outra crónica.
(Crónicas
do Tejo 114)
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