Tanto
no Montijo (1957-1961) como em Vila Franca de Xira (1961-1966) como na minha
terra natal (Santa Catarina) sempre me lembro (1951-1957) de ver o chamado teatro
dos robertos. Os primeiros que vi terão actuado junto da casa do «tio» Zé
Rebelo (casa que já não existe) talvez no local onde hoje está o pelourinho que
ao tempo estava junto da casa do Zé Latoeiro. A minha avó Maria do Carmo não
gostava da linguagem dos robertos (tudo à base do «rais ta parta») e levava-me
consigo de volta com um argumento forte: «Isto é só miséria!». Entre 1961 e
1966, eles actuavam no Bairro do Bom Retiro em Vila Franca de Xira em frente ao
café do Birra, do outro lado do Colégio Sousa Martins. Como a linguagem era a
mesma, o meu pai desandava e nunca víamos o fim do espectáculo. Em Lisboa
conheci de perto as cégadas a partir de 1966. Não é a mesma coisa pois nas
cégadas os actores movimentam-se na rua e nos Robertos estão confinados ao
espaço quadrado do pano. Nas cégadas havia sempre um polícia, um janota, uma
mulher e um homem. Claro que no fim o polícia batia a torto e a direito no
janota para defender a honra do homem. Depois da apoteose surgiam quatro
rapazes com um lençol velho para onde as pessoas à janela atiravam moedas para
o jantar dos membros da «trupe». A Travessa do Caldeira recebia muitas cégadas
que vinham do Bairro da Bica. Recebia também «touradas». Um dia um toureiro
improvisado depois de se ver livre da «vaquinha» (ou tourinha) que era uma roda
de bicicleta com um par de chifres, estava à espera de aplausos e levou na
cabeça com uma panela de água de uma moradora que não gostou da brincadeira. A
resposta magoada e triste do actor amador foi fulminante: «Nunca mais trabalho
nesta praça!»
(Crónicas
do Tejo 100 – fotografia de autor desconhecido)
http://robertossantabarbara.blogspot.com/
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