domingo, 6 de outubro de 2024

«Asas de papel» de António Ferra

António Ferra estreou-se na área da Poesia em 2006 - «Com  cidade no corpo».  Depois do anterior «Ente» em 2020 («um gajo tem de se preparar para a vida eterna»), António Ferra surge com «Asas de papel» em 2021 procurando que o poema seja o lugar da síntese, do resumo, da brevidade, do desafio ao leitor.

O primeiro poema pode ser lido como diálogo com a fotografia do desenho colocada ao alto da página: «o destino dos pássaros migrantes /nas asas de papel de revistas semanais». No poema seguinte reflecte-se de novo a noção de viagem: «tantos danos na viagem pelo corpo/e as aves insistem na rugosidade das pedras». Depois das aves surgem as laranjas («as laranjas amadurecem fora da época/sobre um tanque gelado na montanha») e as árvores: «as árvores não deixam sombra na sombra que deixamos»

Na paisagem e no povoamento deste livro breve cabe também uma reflexão sobre o acto de comunicar: «às vezes não dizemos nada/achamos que as palavras nos dividem»

Na dupla inscrição (poema/desenho) o autor mantém a sua paralela actividade de artista plástico, ilustrando algumas das suas obras – como é o caso deste «Asas de papel».

(Impressão: Gráfica 99, Desenhos: António Ferra, Paginação: Sérgio Ninguém)

 [Livros e Autores 25]


 

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