segunda-feira, 15 de outubro de 2018

«II Colóquio da Ribeira de Muge – O Culto Mariano» de Roberto Caneira, Ana Correia, Manuel Evangelista e Aurélio Lopes



Realizado em 10-6-2017, este Colóquio foi organizado pela Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge e pela Junta de Freguesia da Raposa. Das quatro em presença referimos em especial a comunicação de Aurélio Lopes que tem início com um paradoxo: «A afirmação de uma divindade feminina numa organização religiosa fortemente patriarcal é algo, à primeira vista, insólito e inaudito.» De facto numa sociedade constituída por «pastores, artesãos e mercadores» a mulher é a vilã: «trai e arrasta o homem num intemporal processo de desobediência, justificando assim todo um interminável percurso de estigmatização e sujeição, na família e na sociedade. É Pandora. É Eva. As mulheres serão, assim, profundamente secundarizadas e subalternizadas.» A conclusão surge na página 49: «O Cristianismo (como o Judaísmo e o Islamismo) possui apenas um Deus, um Deus estereotipadamente masculino, dir-se-á. Mas o Cristianismo irá impregnar sistemas culturais, religiosos e filosóficos muito diversificados e muito diferentes das matrizes ideológicas donde emana. Muitos deles habituados, há milénios, a divindades femininas ligadas à terra, fertilidade, saúde e ciclos de vida. A ascenção gradual do culto mariano virá, assim, a preencher uma evidente necessidade entre as massas cristãs, sobretudo entre as populações rurais e menos instruídas.»

(Editora: Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, Capa: Manuel Evangelista, Patrocínios: Fidalgo & Mindrico Lda, Tolaoleu, Caravana Centro e Itinerarium XIV, Coordenação: Manuel Evangelista e Samuel Tomé)

(Um livro por semana 594)

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