Realizado
em 10-6-2017, este Colóquio foi organizado pela Academia Itinerarium XIV da
Ribeira de Muge e pela Junta de Freguesia da Raposa. Das quatro em presença referimos
em especial a comunicação de Aurélio Lopes que tem início com um paradoxo: «A
afirmação de uma divindade feminina numa organização religiosa fortemente
patriarcal é algo, à primeira vista, insólito e inaudito.» De facto numa
sociedade constituída por «pastores, artesãos e mercadores» a mulher é a vilã:
«trai e arrasta o homem num intemporal processo de desobediência, justificando
assim todo um interminável percurso de estigmatização e sujeição, na família e na
sociedade. É Pandora. É Eva. As mulheres serão, assim, profundamente
secundarizadas e subalternizadas.» A conclusão surge na página 49: «O
Cristianismo (como o Judaísmo e o Islamismo) possui apenas um Deus, um Deus
estereotipadamente masculino, dir-se-á. Mas o Cristianismo irá impregnar
sistemas culturais, religiosos e filosóficos muito diversificados e muito
diferentes das matrizes ideológicas donde emana. Muitos deles habituados, há
milénios, a divindades femininas ligadas à terra, fertilidade, saúde e ciclos
de vida. A ascenção gradual do culto mariano virá, assim, a preencher uma
evidente necessidade entre as massas cristãs, sobretudo entre as populações
rurais e menos instruídas.»
(Editora:
Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, Capa: Manuel Evangelista,
Patrocínios: Fidalgo & Mindrico Lda, Tolaoleu, Caravana Centro e Itinerarium
XIV, Coordenação: Manuel Evangelista e Samuel Tomé)
(Um
livro por semana 594)
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