Começo
o texto com uma nota pessoal: prestes a completar 40 anos de actividade em
jornais e revistas não me envergonho de nada do que publiquei mas arrependo-me
de ter publicado sem anotações no Jornal «Sporting» uma página do livro
«Repórteres e Reportagens de Primeira Página» de António Valdemar e Jacinto
Baptista. Trata-se de um jogo entre o SCP e o Sport Lisboa em 1-12-1907 ao qual
foi atribuído por erro crasso o título de «O primeiro derby» isto porque o SLB
não podia ter disputado nenhum jogo antes de 13-9-1908. Gonçalo Pereira Rosa
estudou agora o caso do assassinato da actriz Maria Alves em 1926 e publicou
dois livros onde esse tema é desenvolvido mas o «Magazine» do «D.N.» publicou
outro dia um texto sobre o assunto como se a pólvora estivesse a ser descoberta
agora, no ano de 2018. Gonçalo respondeu com ironia a quem o interpelou sobre
este caso: «Já nada me espanta». Outro dia passou-me pelas mãos um recorte da
revista «Sábado» com a história da macaca de Oliveira de Azeméis, vila onde a
comitiva do SCP costumava parar nos anos 40 antes de ir jogar com o FCP. Claro
que os «leões» ganhavam, perdiam ou empatavam segundo factores determinados: as
incidências do jogo, os erros dos jogadores de ambas as equipas, a influência
da arbitragem que, muitas vezes, é decisiva. Ou seja – outras macacadas. Há por
ali o perfume da prosa de António Simões («A Bola») mas uma coisas destas não é
para quem quer, é para quem pode. Não dá para imitar. Voltando ao «Magazine»
que faz parte do «D.N.» não bastava terem trocado «enclave» por «conclave» a
propósito da Síria. Apetece dizer como a minha avó de Santa Catarina: «Não há
direito!» E ela não desconfiava do que muito mais tarde eu verifiquei nos
Tribunais de Menores: o Direito é o maior inimigo da Justiça.
(Crónicas
do Tejo 128)
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