A
Ribeira do Jamor é bonita mas não tem estatuto para ser «cantada» por quem,
como eu, andou a estudar na Escola Primária entre 1958 e 1961. Os afluentes da
margem direita do Rio Tejo são: Erges, Ponsul, Ocreza, Zêzere, Maior e Trancão.
A pequena Ribeira do Jamor não tem dimensão para ser referida nos manuais de
Geografia mas faz parte da minha memória do ano de 1967. Quando saí do
eléctrico com bandeiras de «Estádio» atravessei uma pequena ponte sobre a
Ribeira do Jamor. Era um jogo especial porque era a primeira final da Taça dos
Campeões Europeus disputada em Portugal. Os vencedores ficaram conhecidos até
hoje como os leões de Lisboa. O livro «The oficial little book of Celtic quotes
and trivia» compilado por Douglas Russel em 2005 refere um facto quase
lendário: os jogadores do Celtic, depois de olharem para os favoritos do Inter,
terão recebido instrucções do treinador Jock Stein para cantarem «The Celtic Song». Podem
ter começado a ganhar o jogo nesses momentos. Depois de afastarem o Zurich, o
Nantes e o Dukla de Praga, os leões de Lisboa venceram os italianos do Inter
com golos de Tommy Gemmel e Steve Chalmers mas na minha memória ficam as
jogadas endiabradas de Jimmy Johnstone a rebentar com a defesa italiana onde os
jogadores eram todos famosos a começar pelo keeper Sarti e a acabar no lateral
Corso que era um polivalente. A famosa empresa Fabergé celebrou a exibição
soberba do Jimmy Johnstone com um ovo em sua honra, coisa que apenas tinha
contemplado os Czares e as Czarinas do Império Russo no princípio do século XX.
Já passaram 50 anos, quase 51, mas parece que nada mudou. Nem o eléctrico nem a
Ribeira do Jamor nem o jogo entre o Celtic e o Inter, nem o Tejo ali tão perto,
quase a desaguar no Oceano Atlântico.
(Crónicas
do Tejo 116)
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