Uma pessoa acorda, toma banho, come,
veste-se e vai para a rua e a primeira coisa que vê é uma carrinha frigorífica à
porta dum talho com a expressão «São António» em vez de Santo António. Sabe-se
que São se usa para João ou Pedro, os santos populares de Junho cujo nome
começa por consoante. Minutos depois no comboio a mesma pessoa lê Melecas em
vez de Meleças e no Metropolitano vê Marques Pombal em vez de Marquês de
Pombal. Ao sair na Praça de Espanha (lê-se Praca Espanha) fica a pensar no nome
antigo da estação que era Palhava em vez de Palhavã. A seguir pega num livro e
lê uma referência ao comboio da Sertã na página 74 e duas vezes na página 90 às
Caldas da Rainha como vila sem esquecer na página 98 a expressão vila termal.
Sabe-se que não há nem nunca houve comboios na Sertã e as Caldas são cidade
desde 1927. Na página 131 lê-se reouve quando o verbo é reaver ou seja «ter de
novo» que é diferente de ouvir.
Pego noutro livro e leio lojistas com «g»
na página 130 depois de ter lido na página 125 Dutra Trafaria em vez de Dutra
Faria. Li depois no mesmo livro o nome do jornalista Urbano Carrasco como
Urbano Camacho referido como sendo do «Diário da Manhã» mas não faz sentido no
contexto porque esse jornal era da situação, não da oposição. Leio na página 26
António Régio por António Sérgio e na página 32 «ostão» por estão. Mas para
acabar o dia em beleza leio num livro sobre São Domingos de Benfica uma
referência ao conde de União que não existe porque se trata do conde de Unhão.
Cheguei a casa com o cinto cheio de caça mas terá valido a pena? Talvez sim ou
talvez não. Nunca saberei ao certo.
(Crónicas
do Tejo 108 - fotografia de autor desconhecido)
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