Nota prévia - A foto original é
de José Antunes («Diário Popular») e o trabalho da criação do «postal» é de
Carlos Vilas (Centro Comercial Nevada - Estrada de Benfica). Os meninos dos
verdes estão na casa dos cinco anos. Nessa idade tudo é de graça - não há preço
nem para as lágrimas nem para os beijos. A foto original inclui meninos dos «amarelos»
e dos «encarnados», o mesmo é dizer dos três e dos quatro anos. Das monitoras a
única que se reconhece é a Guiomar. Por acaso hoje em 2017 a Guiomar já não
está no Colégio onde meu neto Pedro repete os passos do pai (Filipe) e das tias
(Ana e Marta) no longo caminho de «tornar-se pessoa». Aliás um belo título de
Carl Rogers . A crónica já viajou na paisagem e no povoamento e agora fixa-se
na figura de Marta. Ela insiste na ideia de que não é aquela segunda menina do
lado esquerdo; isto mesmo contra o testemunho da monitora Guiomar, aquela que
lidera o grupo dos meninos de verde. Mas não é importante que Marta, hoje com
31 anos, não se reconheça na foto de José Antunes, trabalhada em formato de
«postal» por Carlos Vilas. O que conta mesmo, o que vale e o que tudo justifica
é a temperatura sentimental da crónica assinada por quem se coloca defronte do
teclado. Frente aos meninos está o castelo de São Jorge e, logo à direita, o
Rio Tejo. Temos de um lado o tempo cristalizado dos séculos que passaram pelo
castelo; do outro lado temos o tempo imparável do rio que se demora algum tempo
no Mar da Palha, antes de desaguar no Oceano Atlântico. De um lado séculos; do
outro milhões de anos. Frente a esta dupla imagem que os meninos defrontam, a
sua idade nada conta. São pequenos, usam bibe verde e trazem no seu olhar toda
a esperança do Mundo. E todo o Amor sem o qual nenhuma esperança é possível.
(Crónica do Tejo 82 - Fotografia de José Antunes)
Sem comentários:
Enviar um comentário