Luís de
Miranda Rocha (1947-2007) deixou um livro inédito dedicado a J. L.Pires
Laranjeira, recuperado do seu computador por Zulmira de Miranda Rocha.
Escritor, jornalista («Diário de Lisboa») e professor (CENJOR) foi também
ensaísta, crítico e poeta. Estreado em livro no ano de 1968 («O corpo e o
muro») publicou 20 títulos até 2003 na área da Poesia e 7 títulos no domínio do
ensaio entre 1977 e 2006.Embora natural de Mira, publicou vários livros em
Santarém – dois de poesia e um de ensaio.
O ponto de
partida deste livro escrito entre 2005 e 2006 é o som do Mundo: «A vida que
vivemos desvivemos/ouvindo-o a nossa vida nele ressoa». A ligação entre a vida
e o Mundo («A vida com que o mundo se confunde/o mundo com que a vida se
conforma») explica-se na página 9: «Se o mundo é esse caos que se mantém/a vida
nele que o não ordena agrava/o mundo é que então agrava a vida/no mundo é que
então se entrevê/a catástrofe que às vezes acontece/é no caos que se gera e
dele resulta/e dele à vezes já nem se distingue».Tal como o título do livro, o
poema da página 10 liga o caos à catástrofe: «Nem sempre o caos precede/a
catástrofe às vezes/ acontece e somente/depois o caos se forma». O poema da
página 39 adverte: «Não há como impedir que uma catástrofe/ocorra não se sabe
onde ou quando». Já o poema da página 57 sugere «Que se instaure o estado de
catástrofe/por tempo indefinido» porque «A nossa vida anda tão errada/a nossa
vida o mundo o nosso mundo». O ponto de chegada é esperança: «Depois que baixe
o som desta desordem/então que se insinue um senso que/Então que se sugira
outro sentido.»
(Editora: Crescente Branco, Desenho:
Manuel Oliveira, Composição: César Antunes)