terça-feira, 22 de julho de 2025

Contributo para a História do Clube Futebol Benfica

 


Domingos Estanislau (n,1946 - Ferragudo) foi presidente da Direcção do Clube Futebol Benfica entre 1988 e 2022. A partir do conhecimento profundo da vida do Clube, escreveu uma viagem ao passado da Instituição (fundada em 1895) que envolve a História geral do Clube mas também o perfil pessoal de muitos atletas de diversas modalidades que inscreveram o seu nome na História do Desporto em Portugal. Francisco Lázaro, Olivério Serpa, Fernando Adrião, Sidónio Serpa, Torcato Ferreira, António Livramento, Aurélio Pereira e Artur Correia são um exemplo de quem saiu deste Clube para a posteridade. Num registo diferente, o livro recorda figuras que atingiram patamares de alto nível em diversos sectores quer como jogadores, quer como dirigentes, treinadores ou jornalistas: Carlos Pereira, Paulo Bento, Silveira Ramos, Carlos Freitas, Paulo Garcia, João Fonseca, Jean Paul e Diogo Luís. O livro tem 316 páginas e foi apresentado por Sidónio Serpa no Palácio Baldaya na Estrada de Benfica no dia 19-7-25 perante uma assistência numerosa onde registámos (entre outros) José Peseiro, Shéu Han, João Barnabé, Silveira Ramos, Augusto Baganha, Carla Couto, Edite Fernandes, Helder Campos, Miguel Pacheco e Bernardo Ribeiro (Jornal RECORD). Na página 203 o autor faz uma revelação curiosa sobre o facto de ter sido treinador interino de uma equipa do futebol juvenil do seu Clube: «Costumo dizer aos meus amigos que fui o primeiro treinador do Mundo a jogar com três centrais. E, bem vistas as coisas, até é verdade, as equipas na altura jogavam com 4 defesas, 3 médios e 3 avançados». As 31 fotos a cores tornam este livro uma verdadeira fotobiografia do Clube. 

(Editora Espaço Ulmeiro, revisão Rita Guimarães, capa e grafismo Armando Cardoso, prefácio Ricardo Marques). O livro integra textos (entre outros) de Pedro Macieira, Jorge Marques da Pastora, Mimoso de Freitas, Nuno Markl, Vitor Cândido, David Pereira e Aurélio Pais.

  

sábado, 5 de julho de 2025

«Montanha distante» de António Ladeira

 


António Ladeira (n.1969) vive nos EUA desde 1993 e é autor editado no Brasil e na Colômbia, tem livros de poesia e livros de contos em Portugal. Montanha distante nasce dum encontro entre um motorista de táxi e um passageiro: «Cada um de nós habita um mundo a que não faltam interlocutores reais ou imaginários. Todos nós somos conversadores, tanto os gregários como os solitários.» O condutor conta uma história ao passageiro: «Apesar de cobarde fiz nessa mesma noite as malas e saí de casa dos meus pais. Tremendo de medo mas com o palpite de que todo o sofrimento desapareceria num futuro não longínquo.» A ligação entre o privado e o público num mundo de opressão política e de escrutínio social está na página 10: «Há motoristas que o que ouvem por um ouvido transmitem-no imediatamente ao próximo, assuntos da vida privada, até questões políticas que nos podem pôr a todos em apuros. Não é o meu caso.» De modo mais explícito lê-se na página 42: «os monitores de secção receiam o olhar impiedoso do coordenador de nível, os coordenadores de nível temem o desagrado do coordenador de Torre, os coordenadores de Torre têm medo da revista final do director de Torre. O director de Torre receia a avaliação do Supervisor do Círculo de Segurança do Líder.» Aspecto curioso do livro é o uso do humor; uma trabalhadora do centro de Apoio Sexual afirma: «Shou boa ouvinte, shim, shôdona Cudenadora mas também posho sher faladora, she o cliente ashim o deshejar!» Fica uma ideia na página 134: «No relato do meu divórcio procurei notar nele alguma reacção à minha incompatibilização com uma família tão fiel aos valores patrióticos que nos regem a todos.» Na verdade o narrador é «um agente que quis um dia ser taxista e que, por isso, se fez passar por aquilo que sonhou ser.» 

(Editora: On y va, Foto do autor: Cris Duncan, Foto de capa: Gabriel Peter, Projecto gráfico: João Paulo Fidalgo)

 [Livros e Autores 31]