Com
o subtítulo de «e outras histórias de um adepto do melhor clube do mundo» o
livro integra 25 crónicas em 151 páginas, selecionadas por António Manuel Venda
(n.1968) que explica na nota final: «Estes textos foram escritos ao longo de
muitos anos, desde a segunda metade da década de 1990. São os vinte e cinco
selecionados de centenas que escrevi sobre futebol para meios de comunicação
social (dois inclusive da minha terra, o Jornal
de Monchique e a Rádio Fóia) e também para espaços on-line (como o blog sportinguista
És a nossa fé). Com a derradeira
revisão feita em Agosto de 2017, surgem no final com referências a
acontecimentos a que dizem respeito e com o ano em que foram originalmente escritos.»
O presente volume é dedicado aos filhos do autor (Bernardo, Madalena, Francisca
e Rodrigo) e à memória de Malcolm Allison (1927-2010) treinador do Sporting
Clube de Portugal na época desportiva de 1981/1982. O título do conjunto é
retirado do primeiro texto do livro: «A primeira vez em que vi um jogo do
Sporting ao vivo foi no Estádio do Portimonense, em Portimão, na memorável
época do título com o treinador inglês Malcolm Allison. O resultado está num
livrinho de páginas brancas que fui preenchendo a cada dia em que a equipa
jogava. Numa entrada de quatro de Abril de 1982 surge a minha letra tremida com
o registo de uma surpreendente derrota.» Não é só de vida e de vitória que
estas histórias tratam; também se recorda a morte de um sócio «leonino» numa
final da Taça de Portugal: «sobre o apito inicial do árbitro, um adepto do
Sporting foi atingido no peito por um very
light lançado por alguém das claques do Benfica. Teve morte imediata.» Um
dos registos deste livro é o do humor, como na página 64: «A verdade é que o
árbitro terá ficado pior do que doido ao ver as raparigas a entrarem-lhe pelo
quarto adentro. Quase vinte e quatro horas depois o clube haveria de perder o
jogo e sem grande exibição do adversário. Muitos comentadores acabariam por
falar de uma noite infeliz do árbitro; sem saberem, é claro, que a noite infeliz
tinha sido a anterior.» Outro registo é o futuro como na página 127: «Tenho uma
fotografia das do telemóvel que invariavelmente me deixa espantado. Um torneio
de futebol no Verão de 2014, para miúdos, em Montemor-o-Novo, num campo ao ar
livre. Futebol de cinco, já com a noite a cair. Vejo bem o meu filho mais velho
nessa fotografia e um pouco afastado dele, um colega. Não têm o equipamento
preto do Grupo União Sport.» Uma nota final citando a página 33, talvez o
melhor exemplo daquilo que este livro pode proporcionar, ligando o pó e a
posteridade: «Numa das fotos a mulher está a encher um garrafão de água na
Fonte da Santa, já perto do Alto de Fóia, enquanto Cadorin segura a filha pequenina
pela mão. A casa dos meus pais, onde eu vivia então, fica mais abaixo no sopé
da montanha. Só na entrevista da filha, mais de vinte anos depois, descobri que
ele ia com a família buscar água à minha terra. Quanta energia para os golos
terá conseguido assim?»
(Editora: On y va, Capa: João Paulo
Fidalgo, Foto: João Andrés, Contracapa: Rodolfo Begonha)
[Um
livro por semana 625]
Sem comentários:
Enviar um comentário