quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A PRIMEIRA LEI DA GEOGRAFIA de Eduardo Jorge Duarte

 


Eduardo Jorge Duarte (n. 1982) estreou-se em 2017 com «Montanário» e este recente livro de 153 páginas (Editora On y va, grafismo e paginação de João Paulo Fidalgo) abre com uma citação de Waldo Tobler («Tudo se relaciona com tudo») e fecha com a lista de professores do seu tempo de estudante na Universidade Nova entre 2000 e 2004: Maria José Roxo, Carlos Pereira da Silva, José António Tenedório, Nuno Soares, Adelaide Carranca, José Lúcio, José Eduardo Ventura, Dulce Pimentel, Manuel Tão, Rui Pedro Julião e Henrique Souto. Esta relação que o autor ainda hoje mantém com os seus professores lembra versos do notável poema de Victor Matos e Sá «Para os meus alunos». Vejamos «É sempre uma questão mútua de ser./Uma presença e não um resultado». Os poemas deste livro oscilam quase sempre entre o «eu» e o «nós» Vejamos no primeiro caso: «Geógrafo – Digo ao meu filho o que é um mapa. /Um desenho do mundo ou de um pedaço do mundo./ Desenho um mapa, aponto-o ao coração,/Uma ilha deserta. /Digo-lhe que é essa a minha profissão: fazer mapas. /«O papá é pirata!» - responde. /Acerta.» Vejamos o segundo caso: «Desertificação – Não vejo chover,/Acabaram-se os poemas. /Raios de sol, apenas/Não chegam para vencer/O ar desinspirado./Caneta, papel e é só/(Não há água na linguagem)/Como a pedra e o pó/A saltar do chão esgotado/À mais funda passagem /Do arado». Como se lê na contra-capa «A geografia é o chão, o físico e a poesia é o céu, o metafísico.» Perto do local da apresentação deste livro, na mítica sala 78 (hoje 111) está uma exposição sobre os cem anos de Raquel Soeiro de Brito (n. 1925, Elvas) com um filme sobre o Vulcão dos Capelinhos a lembrar a ideia de Vitorino Nemésio «A Geografia é mais importante que a História». JCF 

      

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