Um dos aspectos fascinantes
neste livro de estreia é a lucidez como quando o Poeta fala consigo mesmo
(«Também morrerás, poeta, /Fica descansado») ou fala da pressa como inimiga da
Poesia ( «Era qualquer coisa que nos acontecia /E para a qual não tínhamos uma
definição /Nenhuma palavras lhe servia.») ou ainda sobre o acto de ler: «Não
tenho pressa /O caminho é em frente /Uma casa não se começa /Pela telha mais
recente /Como um verso delicado / É um modo alvoroçado /De dizer um sentimento
urgente. /O meu trabalho é paciente /Percorro livros, tapo cada buraco /Deixado
aberto pelo escritor. /A palavra é o meu fato-macaco: /Sou leitor.»
Numa simples nota fica o poema
da página 28, um programa completo: «Deixa tocar o poema/Dá-lhe o tom e a voz
que entenderes. /Se for coisa de saudades ou problema /De amigos ou de mulheres
/Ouve-o, deixa-o falar sossegado /Até que o sentimento mais limpo se revele /E
saibas então entrar na pele /Daquele que não vês do outro lado.»
Pata terminar o poema da
página 57 que conclui: «Entre versos fúteis e opacos /Até um cego pode ver a
voz de Deus.»
(Editora: On y va, Foto do autor:
Luís Costa, Capa: Cristina Viana, Grafismo e paginação: João Paulo Fidalgo)
[Um livro por semana 669]
Sem comentários:
Enviar um comentário