segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Testamento espiritual e últimas vontades de João XXIII



João XXIII (1881-1963) é o Papa a quem muitos de nós (nasci em 1951) devem o fim de um dos mandamentos que se aprendiam quando a Catequese se chamava Doutrina: «Ouvir missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos Domingos, Festas e Dias de Guarda». De facto foi no Concílio Vaticano II que se deu o fim da missa «ouvida» para se iniciar a missa participada pois os celebrantes passaram a estar virados para o Povo em vez de se colocarem de costas. Posto isto vamos à citação retirada do livro Diário Íntimo de João XXIII (Editora Morais): «Peço perdão àqueles a quem inconscientemente ofendi; àqueles para quem não consegui ser motivo de edificação. Sinto que nada tenho a perdoar seja a quem for, porquanto em todas as pessoas que conheci e que comigo tiveram relações – mesmo que me tivessem ofendido ou desprezado ou tivessem tido pouca estima por mim (com razão, de resto) ou me tivessem dado desgostos – apenas encontro irmãos e benfeitores, a quem estou grato e por quem rezo e rezarei sempre. Nascido pobre mas de gente honrada e humilde, sinto-me particularmente feliz por morrer pobre, tendo distribuído, segunda as várias exigências e circunstâncias da minha vida simples e modesta, ao serviço dos pobres e da Santa Igreja que me alimentou, tudo o que me veio parar às mãos – em proporções bastante limitadas de resto – durante os anos do meu sacerdócio e do meu episcopado. Agradeço a Deus esta graça da pobreza de que fiz voto na minha juventude, pobreza de espírito, como padre do Sagrado Coração e pobreza de facto; e o amparo que me deu, a fim de não ter precisado de pedir nunca nada, nem lugares, nem favores, nem dinheiro, nem para mim nem para os meus parentes e amigos.» O texto é datado de Veneza em 29 de Junho de 1954 (fim de citação).

(Crónicas do Tejo 127 – fotografia de autor desconhecido)

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