Aurélio
Lopes (n.1954) estreou-se nas publicações desta área temática em 1995 com
«Religião Popular no Ribatejo». Este recente livro de 183 páginas está
organizado em quatro capítulos: O Santo e a Imagem, o Santo e o Lugar, o Santo
e a Festa e o Santo e a Promessa.
Na
página 139 cita-se um texto de Lourenço Fontes em 1992: «Não é diretamente Deus
quem o povo procura; vai ao santo. Nem é o padroeiro, é o taumaturgo; nem é a
igreja paroquial, é a capela, a ermida, o santuário; onde é mais fácil a
religião popular. Onde, até, não há um padre a controlar, a proibir ou vigiar a
fé.»
No
final a página 183 o autor resume: «São os santos, hoje como ontem, símbolos e
protetores de povos e lugares. Corporizados na sua «imagem», nesta se projetam
enquanto foco energético e devocional; numa simbiose, algo indistinta, entre
representação e representado. «Imagens» que o povo encara como se dos próprios
santos se tratasse. Santos/«Imagens»; optando por aquela comunidade e só por
aquela. Em inequívocas e taumatúrgicas opções de pertença. Expressos em
lendários míticos que descrevem as sempre milagrosas aparições e remontam (ou
fazem remontar) à génese da igreja e da povoação. À semelhança de princípios
totémicos servem, assim, de pais e antepassados das populações. Intermediários
por definição. Focos de poder por vocação. Nos quais as comunidades se revêem e
compreendem. E aos quais apelam e prometem em situações de vulnerabilidade
individual e colectiva. Santos que embora vistos em termos populares como
dotados de um poder intrínseco, não deixam de ser, em termos conceptuais,
intermediários entre a Terra e o Céu.»
(Editora: Apenas Livros, Revisão: Luís
Filipe Coelho)
[Um livro por semana 637]
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