Declaração de interesses: sou
um apaixonado por almanaques, tenho uma vasta colecção, consegui o do meu ano
de nascimento (1951) e espero publicar em 2021 um livro baseado no conceito de
almanaque para celebrar os meus 50 anos de vida literária. Tenho também a
«Miscellanea» de Miguel Leitão de Andrade, «Os Narcóticos» de Camilo Castelo
Branco e «O aprendiz de feiticeiro» de Carlos de Oliveira. Não estou mal…
O Dicionário de António de
Morais Silva (1988) indica como significado de «almanaque»: «calendário com os
dias do ano, festas, feriados, etc.; folhinha, Livro que contém indicações
úteis, trechos de literatura, resenha de acontecimentos, poesias, anedotas,
charadas, etc.; anuário.»
Sobre o «Almanaque» de Marco
Neves (n-1980) que é o seu décimo livro, apenas algumas notas. As palavras mais
bonitas estão na página 194: saudade, amor, mãe, felicidade, mar, menina,
borboleta, flor, Portugal, amizade paz, melancolia e livro. As mais feias estão
na página 158: badalhoco, escroque, cônjuge, ódio, sovaco, escarro, corrupção,
porrada, conspurcar, nauseabundo, furúnculo e picheleiro. Também as palavras
mais pequenas estão na página 195: «bá, cá, dá, fá, gã, há, já, lá, má, na, pá,
rã, Sá, tá, vá, Xá, zá.» Os erros mais comuns cabem na página 118: «fizes-te,
prontos, á, concerteza, quaisqueres, subir para cima, a gente vamos, haviam
muitas pessoas, há x anos atrás, fizestes, à/há e hades».
Sobre o Crioulo há uma
possível origem («crias, crianças, criados, crioulos») e sobre o Português pode
ler-se na página 137: «Antes do latim de onde veio o português, tivemos o
itálico; antes do itálico, o indo-europeu, antes do indo-europeu, outras
línguas, que não conhecemos, numa sucessão que vem do fundo de muitos milénios
desde a origem da linguagem humana. É bem provável que, num qualquer momento de
história das línguas que vieram a dar ao português, tenha havido um crioulo
metido ao barulho, um povo que entrou em contacto com outro povo, nascendo daí
uma outra língua, diferente das duas línguas-mãe…»
(Editora: Guerra e Paz, Revisão: Ana de Castro Salgado, Capa e
Paginação: Ilídio Vasco, Fotos. Inácio Ludgero)
[Um livro por semana 665]
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