quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Gonçalo Pereira Rosa - «já nada me espanta» e outros casos tristes


Começo o texto com uma nota pessoal: prestes a completar 40 anos de actividade em jornais e revistas não me envergonho de nada do que publiquei mas arrependo-me de ter publicado sem anotações no Jornal «Sporting» uma página do livro «Repórteres e Reportagens de Primeira Página» de António Valdemar e Jacinto Baptista. Trata-se de um jogo entre o SCP e o Sport Lisboa em 1-12-1907 ao qual foi atribuído por erro crasso o título de «O primeiro derby» isto porque o SLB não podia ter disputado nenhum jogo antes de 13-9-1908. Gonçalo Pereira Rosa estudou agora o caso do assassinato da actriz Maria Alves em 1926 e publicou dois livros onde esse tema é desenvolvido mas o «Magazine» do «D.N.» publicou outro dia um texto sobre o assunto como se a pólvora estivesse a ser descoberta agora, no ano de 2018. Gonçalo respondeu com ironia a quem o interpelou sobre este caso: «Já nada me espanta». Outro dia passou-me pelas mãos um recorte da revista «Sábado» com a história da macaca de Oliveira de Azeméis, vila onde a comitiva do SCP costumava parar nos anos 40 antes de ir jogar com o FCP. Claro que os «leões» ganhavam, perdiam ou empatavam segundo factores determinados: as incidências do jogo, os erros dos jogadores de ambas as equipas, a influência da arbitragem que, muitas vezes, é decisiva. Ou seja – outras macacadas. Há por ali o perfume da prosa de António Simões («A Bola») mas uma coisas destas não é para quem quer, é para quem pode. Não dá para imitar. Voltando ao «Magazine» que faz parte do «D.N.» não bastava terem trocado «enclave» por «conclave» a propósito da Síria. Apetece dizer como a minha avó de Santa Catarina: «Não há direito!» E ela não desconfiava do que muito mais tarde eu verifiquei nos Tribunais de Menores: o Direito é o maior inimigo da Justiça.

(Crónicas do Tejo 128)

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