É verdade - «Os grilos não
cantam ao Domingo», Santos Fernando tem razão. Chama-se Vítor Rodrigues o homem
que colocou toda esta máquina em movimento. Começou por ler um livro de Santos
Fernando (1927-1975) e depois procurou saber mais mas para não se ficar no
platónico editou mesmo o mais recente livro de Santos Fernando «Sexo 20», antes
publicado pela Editorial Futura. Esta edição actual foi apresentada pelo
encenador Jorge da Silva Melo e é da responsabilidade da «Sulfúria Edições» que
Vítor Rodrigues compartilha com Margarida Mendes. Santos Fernando a personagem,
ele mesmo, foi amigo de Luiz Pacheco e de Ferro Rodrigues (pai do Féfé), foi o
homem do escritório dos Adubos Potássicos, Avenida da Liberdade nº 3 ali por
cima do Café Paladium onde muita gente ganhou a vida a dar explicações e a
jogar bilhar. A janela do escritório de Santos Fernando dava para o Elevador da
Glória. É esse elevador que deve transportar de novo não Santos Fernando em
pessoa mas a sua obra que eu comecei a admirar em 1963 quando vivia em Vila
Franca de Xira e comprava todos os Domingos à noite o «Diário Popular» com a
sua habitual crónica «Os grilos não cantam ao Domingo». Espero escrever sobre o
livro «Sexo 20» noutra circunstância mas uma ocasião destas não se pode perder.
Num país de analfabetos que conhece Bulhão Pato pelas amêijoas e Bocage pelas
anedotas é salutar esta loucura de editar um livro novo de Santos Fernando 42 anos
depois de 1975. Ele nasceu em 1927 em pleno Estado Novo (ou Ditadura Militar) e
morre de modo inesperado em 1975 em pleno PREC. Com o elevador da Glória talvez
seja possível que o nome de Santos Fernando entre mesmo no livro «Quem é quem
na Literatura Portuguesa» O ano de 1927 fica mais pobre com a sua ausência.
(Vinte Linhas 1685)
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